segunda-feira, 17 de março de 2014

Começa nesta segunda-feira 4ª etapa do júri do massacre do Carandiru

Dez réus serão julgados por mortes no 5º andar do Pavilhão 9; 2 morreram.
Em outubro de 1992, 111 detentos foram mortos em ação da Polícia Militar.


Começam a ser julgados a partir das 9h desta segunda-feira (17) mais dez policiais e ex-policiais militares envolvidos no episódio que ficou conhecido como massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 detentos do presídio da Zona Norte de São Paulo, em 2 de outubro de 1992. No total, 12 policiais haviam sido apontados como responsáveis pelas mortes, mas dois já morreram.






Outras duas etapas do julgamento do massacre do Carandiru já foram realizados, com condenação de parte dos réus. No primeiro, em 21 abril do ano passado, 23 policiais militares foram condenados pela morte de 13 presos. A pena foi de 156 anos de prisão para cada um, mas eles recorrem em liberdade. Três dos 26 réus que eram julgados foram absolvidos. A sentença foi lida pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão, que presidia o júri.


A HISTÓRIA

Às 16h20 de 2 de outubro de 1992, uma sexta-feira, 341 policiais da Tropa de Choque de São Paulo receberam ordens para invadir o Pavilhão 9 da Casa de Detenção, no Complexo do Carandiru. Os soldados deveriam conter uma rebelião dos presos. Vinte minutos após a invasão, a PM abandonou o local. Na ação, mais de 100 presos foram mortos. O fato ficou conhecido como Massacre do Carandiru e entrou para a história como a mais violenta ação dentro de uma penitenciária brasileira. 
A briga entre dois detentos na tarde de 2 de outubro de 1992, uma sexta-feira, foi o estopim da maior tragédia carcerária da história nacional. 
A briga
Por volta das 14h daquele 2 de outubro, dois presos de gangues diferentes discutiram e se agrediram na área externa do pavilhão 9. A briga logo se espalhou e chamou a atenção dos agentes penitenciários, que tentaram, em vão, controlar os rebelados. O alarme foi acionado e a PM, chamada.



Tragédia do Carandiru inspirou livros, músicas e filmes:


Paraíso Carandiru, de Sidney Salles
A autobiografia do ex-presidiário Sidney Salles conta como ele vivenciou o massacre, voltou para o crime após ser solto e conseguiu se livrar do vício no crack com a ajuda de uma missionária. Hoje, ele coordena um instituto para reabilitação e desintoxicação de jovens em Jundiaí, em São Paulo.

Estação Carandiru, de Drauzio VarellaLivro narra o convívio entre o médico Drauzio Varella e os presos durante dez anos de atendimento voluntário no Carandiru. Conta a história de presos com quem manteve contato, a rotina deles, os dramas vividos e as crueldades cometidas no presídio. Destaque para a narração, conforme a versão dos detentos, do dia 2 de outubro de 1992, quando a PM invadiu o pavilhão 9 e matou mais de 100 presos. Obra foi vencedora do Prêmio Jabuti 2000.


Carcereiros, de Drauzio Varella
Após narrar o cotidiano dos presos, Varella conta a vida dos agentes penitenciários, as dificuldades enfrentadas no trabalho e as consequências dele nos relacionamentos com amigos e parentes. O livro começa com a narrativa de como um carcereiro experiente impediu que a rebelião no pavilhão 9 ultrapassasse o muro e contagiasse os presos do pavilhão 8 do Carandiru. O agente também conseguiu fazer com que a PM não entrasse no oito naquele 2 de outubro de 1992.

Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MC'sLançado em 1997, o CD Sobrevivendo no Inferno vendeu mais de 1 milhão de cópias e traz a faixa "Diário de um detento". Co-escrita por Josemir Prado, o Jocenir, um ex-detento do Carandiru, a música conta os dias que antecederam e o próprio momento do massacre.





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